Data Inclusão: 29/07/2003
Autor: Diário do Comércio & Indústria
Produção de seda gira US$ 129 milhões anuais
A sericicultura — criação de bicho-da-seda — é uma boa opção para os pequenos produtores e para a agricultura familiar.
A atividade tem pouco risco, precisa de uma pequena área, pouco capital de giro e é voltada para o mercado internacional. A cadeia produtiva da seda no Brasil apresenta um faturamento bruto anual da ordem de US$ 129 milhões.
Apesar de enfrentar a queda do preço do casulo e do fio de seda no mercado internacional, a atividade ainda é compensadora para quem deseja iniciar a produção no País. Os criadores têm garantia de venda porque a atividade é mantida em sistema de integração com as indústrias, que garantem o pagamento à vista.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Fiação de Seda (Abrasseda), Antonio Takao Amano, o Brasil é auto-suficiente em relação ao consumo do produto. Em função disso, cerca de 80% da produção nacional é exportada.
“A produção nacional não é desestimulada porque nós embarcamos quase todo o nosso produto, tanto a matéria-prima como o fio de seda.”
O principal país comprador do casulo do bicho-da-seda e do fio de seda é o Japão. Em seguida estão a Europa, a Índia e a Coréia. Do volume exportado, 50% é de casulos e 50% é de fio.
Segundo o executivo, as empresas beneficiadoras do casulo trabalham com capacidade ociosa, em função da baixa demanda nacional. Na década de 90, quando as exportações caíram um pouco e aconteceu o Plano Real, o consumo interno aumentou de 5% para 10%, o que fez elevar o volume de produção nacional.
Produção
A safra de 2002/03 de casulos de bicho-da-seda foi de 9,9 mil toneladas, que representou uma queda de 2,7% em relação à safra anterior. A expectativa para este ano é de estabilidade.
O maior Estado produtor é o Paraná, com 8,9 mil toneladas — 89,6% da produção total. Em segundo lugar está o Mato Grosso do Sul, com 546 toneladas. São Paulo, que já foi o maior produtor nacional, detém apenas 4,9% do total, com 489 toneladas, principalmente da região de Bastos e Galia.
“Houve uma migração de São Paulo para o Paraná, pois as amoreiras paulistas, das quais os animais se alimentam, estavam velhas e não houve incentivo para o produtor continuar com a atividade. Já o Paraná incentiva a produção e fornece recursos para o pequeno produtor.”
Além disso, a sericicultura se adaptou bem ao clima paranaense e obteve uma boa produtividade em relação aos outros Estados produtores.
Existem cerca de 8 mil criadores de bicho-da-seda no Brasil, sendo que 6,5 mil estão no Paraná. Há três grandes empresas que processam o fio de seda e que compram a produção nacional.
Preços
O preço do casulo no mercado nacional é de R$ 4,70 o quilo. Na safra deste ano houve aumento de 15%, porém, ficou abaixo da inflação do período — 18%.
Já os preços internacionais têm apresentado queda desde o ano 2000. No ano passado, o quilo era vendido por US$ 23,87. Este ano, o preço está em US$ 19,70. “No primeiro trimestre do ano, quando o dólar ainda estava em um patamar bom para as exportações, o mercado estava excelente para nós. Agora, com o dólar a R$ 2,90, precisamos encontrar soluções para o produtor e para a indústria”, disse Anano.
Soluções
Para melhorar ainda mais a produção e venda do casulo e do fio, é preciso que a economia mundial volte a crescer, cerca de 10% a 15%, para que o preço do quilo volte a US$ 22. Além disso, o ideal seria o dólar cotado a R$ 3,30.
“Para o produtor, o ideal é que se faça a criação em sua propriedade, pois assim não precisa dividir os lucros e pode trabalhar com toda a família, reduzindo os custos.”
USO DO FIO COMEÇOU NA CHINA
A China, maior produtora de produtos à base de seda, ficou conhecida na Antiga Grécia pelo nome “Seres”. Na língua grega, “Seres” significa “país da seda”. Dizem que no século 1 antes da nossa Era, quando o imperador romano César foi assistir a uma peça de teatro vestindo uma túnica feita de seda chinesa, causou grande sensação entre os espectadores presentes ao evento.
Depois, a seda chinesa foi introduzida no Ocidente pouco a pouco, sendo elogiada pelos europeus como a “Aurora do Oriente”. Porém, eles sabiam apenas que a seda vinha de um grande país do Oriente e não sabiam o nome exato do material. Por isso, chamavam a seda de “Seres”.
Segundo as lendas, nos tempos remotos, foi a concubina do imperador Amarelo Leizu que iniciou a sericicultura no país.
Apesar de ser apenas uma lenda, as descobertas arqueológicas nas documentações antigas e as sedas desenterradas confirmaram já muitas vezes o elo entre o povo chinês e a sericicultura durante milênios.
No Museu de Seda, em Suzhou, conhecida pela qualidade dos produtos, estão exibidos materiais relacionados à seda, refletindo todo o processo de evolução da seda, desde sua fonte no período neolítico até o desenvolvimento nas dinastias Ming e Qing, isto é, desde o século 17 até o século 20.